José Alberto Carvalho: “Não vou permitir que a minha filha seja amedrontada”

José Alberto Carvalho é conhecido pelo seu trabalho como jornalista e sempre se mostrou reservado no que à sua vida privada diz respeito. Mas, esta Segunda-Feira, 20 de Julho, abriu uma exceção para defender a filha Joana.

Mensagem aos influencers digitais (e um alerta). Quem me acompanha, nas redes sociais, sabe bem como sempre procurei a discrição em relação à minha família. Mas sou pai. De quatro pessoas. Especiais, porque são os meus filhos. Uma delas, a Joana, está a ser vítima de um novo tipo de coação. O terreno de batalha é a Internet. A Joana é uma jovem mulher criativa. Tem uma energia muito peculiar que manifesta pelo sorriso largo e sempre espontâneo e um enorme sentido de justiça. É empreendedora. Decidiu, executando todo os passos, criar uma empresa e uma marca de acessórios de exterior. Objetos, design, padrões, técnicas de costura, tudo imaginado por ela. Mais do que isso: feito à mão por ela, agarrada a máquinas de costura. Assim mesmo. Costas debruçadas sobre a máquina, a concretizar, linha a linha, costura a costura, o seu próprio projeto“, começou por introduzir.

Desenvolveu uma micro estrutura empresarial, com faturação, stockagem, CRM, pagamentos seguros, etc. Não saberia fazer o que ela fez! Acreditando na validade das suas ideias, procurou dar a conhecer os produtos. Sempre numa lógica adequada à sua realidade: uma jovem mulher sozinha, a tentar singrar. Nunca me pediu favor nenhum: não me pediu que ‘arranjasse’ uma entrevista na televisão; não me pediu que divulgasse os produtos, nas minhas redes sociais. Creio conhecer bastante bem os filhos que tenho e é exatamente assim que esperava que ela se comportasse. Preparou a sua própria estratégia de marketing, o calendário do lançamento da marca, os produtos a comercializar, em primeiro lugar. Tenho ficado, várias vezes, especialmente orgulhoso da sua determinação e das suas capacidades“, acrescentou.

Apesar de, segundo o jornalista, estar “tudo a correr bem”, o percurso de Joana foi interrompido:

Entra em cena uma outra empresa e os familiares de quem a gere. Essa empresa reclama ter registado a patente de um “objeto de tecido piramidal”, no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. Não é este o local adequado para discutir “patentes”, sejam elas de almofadas ou das pirâmides do Egito, mas parece-me muito estanho que alguém possa apropriar-se de um sólido ou de uma figura geométrica. Como se alguém registasse “um telemóvel retangular”, obrigando a que, a partir daí, os telemóveis concorrentes tivessem de ser esféricos! Pode ser que alguém tenha aceitado, indevidamente, registar algo que não pertence a ninguém, como os retângulos dos telemóveis ou as pirâmides de Gizé. Mas, lá está, isso será debatido no fórum adequado: os tribunais e as entidades administrativas que tutelam os registos. Delicadamente, a Joana procurou responder a todas as diligências, sem alimentar controvérsias e, neste momento, o processo está a ser tratado por advogados. É assim que deve ser, naturalmente. O que é inaceitável é que os proprietários e os seus familiares tenham decidido perseguir e atacar com comentários, nas redes sociais, todas as iniciativas em que o atelier Banana Split obteve visibilidade para os seus produtos. E é só isso que está aqui em causa. Há valores que não aceito que sejam ignorados. Sobretudo, e desde logo, porque está em causa a minha filha. E, tenham eles (os filhos) a idade que tiverem, serei sempre pai deles. E sentirei sempre essa responsabilidade.

José Alberto Carvalho conclui: “Neste caso, não vou permitir que uma filha seja amedrontada por uma carta com a chancela de um famoso escritório de advogados; Incentivarei a que seja debatida nas instâncias adequadas o registo de “patente” de um sólido geométrico; Não vou aceitar passivamente que alguém envie mensagens a pessoas (sejam influencers ou não) e a empresas, insinuando qualquer incumprimento de regras, porque isso nunca existiu. Estive lá, debati, sugeri, acompanhei, incentivei em todas as etapas do processo. Sei do que falo. Mas, sobretudo, não vou permitir que alguém destrua, com perversidade e insinuações, o percurso esforçado de uma das pessoas que melhor conheço na vida: a minha filha Joana. Alguns influencers, que, espontaneamente, tinham mostrado agrado com os produtos desenvolvidos pelo atelier Banana Split foram confrontados com mensagens da outra empresa. O tom ameaçador das missivas levou alguns desses influencers a retrocederem. Têm todo o direito e toda a legitimidade para o fazer. O que quero deixar aqui, de forma clara e transparente, é que me vou bater até ao fim para demonstrar a quem tomou estas iniciativas que:

1 – A lei é a lei. Ninguém está acima dela. Nem os objetos piramidais;

2 – Usarei (e incentivo a Joana a fazê-lo) todos os recursos que poder reunir para combater esta atitude de coação digital;

3 – Que tenho um orgulho infinito pela Joana;

4 – Que espero que os influencers percebam que, com as suas atitudes, não devem permitir a permanência do status quo (sim, sei que me arrisco a dizer isto, porque há quem ache que ‘o tipo da televisão’ também pertence ao status quo), mas, se leram bem lá atrás: a Joana nunca me pediu nada! Nem sequer esta publicação. Obrigado, pela paciência de quem chegou até aqui.

Titular do Registo de Marca Nacional Nº 632234 “Banana Slip”, nas Classes 18, 20 e 25, Joana Pinto Coelho de Carvalho enfrenta uma batalha contra a empresa que afirma ser detentora da invenção de um “objeto de tecido piramidal”.

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